A economia portuguesa continua a mostrar-se incapaz de dar resposta ao aumento da população activa, ou seja, o universo de pessoas que estão disponíveis para trabalhar.
No terceiro trimestre deste ano, o número de empregados cresceu 0,3% em termos homólogos, menos do que a população activa, que aumentou 0,7%. Resultado: o número de desempregados subiu 6,5% para 444,4 mil, próximo do máximo histórico de
460 mil, atingido no 1º trimestre deste ano. No total, são mais 27 mil desempregados do que em igual período do ano passado.
Mas quem são estes novos desempregados? Segundo o Instituto Nacional de Estatística
(INE), são mais mulheres do que homens e a maioria tem mais de 45 anos. Embora o número de licenciados não seja negligenciável, são sobretudo pessoas com um baixo nível de qualificação que perderam o emprego no último ano. E quase todos trabalham no sector dos serviços.
Um desempregado é um indivíduo que, ao longo de um período de referência, se encontra simultaneamente nas situações seguintes: não possui emprego, procura activamente emprego, está imediatamente apto/disponível para trabalhar, por sua vez um empregado é um individuo que preta serviços para um empregador, com uma carga horária definida, mediante um salário.
Quanto à taxa de desemprego podemos dizer desde já que é o rácio entre a população desempregada e a população activa.
Em suma, é apontado para este ano uma taxa de desemprego de 8% que deverá manter-se sem alterações no ano que vem. Só me 2009 se espera uma ligeira descida para 7,7%.
Que factores poderão explicar esse comportamento?
Vários factores poderão estar na origem deste comportamento. Vejamos desde já que o número de activos tem subido no país o que pode ser um dos motivos pelos quais o desemprego tem vindo a aumentar.
O emprego com contrato a termo cresceu, aumentando o seu peso no total do emprego, enquanto o emprego com contrato sem termo diminuiu. Apesar da maior incidência na utilização dos contratos a termo ser típica de fases de recuperação da economia, a tendência para o aumento da importância destes na composição do emprego já se verifica de forma consistente desde 1995. Esta tendência sugere que há factores estruturais, como a protecção de certos grupos de trabalhadores em detrimento de outros, fruto da actual legislação de protecção ao emprego, que induzem um excesso de rotação de uma parte dos trabalhadores. Esta segmentação do mercado de trabalho é economicamente ineficiente, afectando negativamente as decisões dos trabalhadores e empresas relativamente ao investimento em educação e formação.
A taxa de desemprego está muito alta, porque não há mercado para todos os trabalhadores que saem do sector de inactividade cedo demais. Há assim uma procura do primeiro emprego muito cedo.
As principais causas do desemprego estão relacionadas com despedimentos e saídas e regressos ao mercado de trabalho. A imigração também influi neste sentido.
- redução do número de funcionários públicos
- do congelamento das progressões automáticas nas carreiras
- da redução do salário médio por via da aposentação/contratação
A percentagem de inactivos é também bastante elevada porque uma parte dos portugueses prefere ser mantido pela segurança social do que dar-se ao trabalho de trabalhar.Note-se, contudo, que a queda dos valores de desemprego de 8,4 para 7,9% (em 2007) foi muito publicitada mas deveu-se essencialmente à realização de contratos de trabalho com termo e do aumento dos part-times. O número de empregadores por conta própria também aumentou.
Qual a evolução ocorrida em termos do perfil dos desempregados?
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os novos desempregados são mais mulheres do que homens e a maioria tem mais de 45 anos. São sobretudo pessoas com baixo nível de qualificação que perderam o emprego no último, que trabalhavam quase todos no sector de serviços. Contudo o número de desempregados licenciados é também bastante significativo.