10 de dezembro de 2007

DESEMPREGO


Desemprego cresce com mais gente disponível para trabalhar

A economia portuguesa continua a mostrar-se incapaz de dar resposta ao aumento da população activa, ou seja, o universo de pessoas que estão disponíveis para trabalhar.
No terceiro trimestre deste ano, o número de empregados cresceu 0,3% em termos homólogos, menos do que a população activa, que aumentou 0,7%. Resultado: o número de desempregados subiu 6,5% para 444,4 mil, próximo do máximo histórico de
460 mil, atingido no 1º trimestre deste ano. No total, são mais 27 mil desempregados do que em igual período do ano passado.
Mas quem são estes novos desempregados? Segundo o Instituto Nacional de Estatística
(INE), são mais mulheres do que homens e a maioria tem mais de 45 anos. Embora o número de licenciados não seja negligenciável, são sobretudo pessoas com um baixo nível de qualificação que perderam o emprego no último ano. E quase todos trabalham no sector dos serviços.





in DN, 17 de Novembro de 2007



Qual a diferença entre activos/inactivos,empregados/desempregados?

Actvis são o conjunto de indivíduos que, num período de referência, constituem a mão-de-obra disponível para a produção de bens e serviços que entram no circuito económico; inclui os indivíduos que estão a trabalhar ou desempregados, por sua vez os inactivos são o conjunto de indivíduos que, no período de referência, não podem ser considerados economicamente activos (nem empregados nem desempregados)
Um desempregado é um indivíduo que, ao longo de um período de referência, se encontra simultaneamente nas situações seguintes: não possui emprego, procura activamente emprego, está imediatamente apto/disponível para trabalhar, por sua vez um empregado é um individuo que preta serviços para um empregador, com uma carga horária definida, mediante um salário.



Qual a evolução da taxa de actividade e da taxa de desemprego nos últimos anos, em Portugal?
A evolução da taxa de actividade e da taxa de desemprego tem vindo a sofrer algumas oscilações nos últimos anos. A taxa de actividade é o rácio entre a população activa e a população total. É um indicador demográfico que corresponde à percentagem da população activa relativamente à população total do país.





O quadro acima, apresenta valores disponibilizados pelo INE (Instituto Nacional de Estatística). A partir dele podemos observador a evolução da taxa de actividade em Portugal.

Desde 1998 até 2005, de uma forma geral a taxa de actividade subiu, ou seja, havia mais população que tinha ou procurava emprego.

Contudo se olharmos com atenção podemos verificar que há anos em que a taxa de actividade subiu mais que outros.




Se não vejamos: entre 1998 e 1999 a taxa de actividade subiu apenas 0,2%, de 1999 a 2000 já subiu mais, 0,6 o mesmo acontecendo entre 2000 e 2001. De 2001 a 2002 a taxa de actividade cresceu menos em relação ao ano anterior, apenas 0,5%. Contudo se analisarmos 2002 a 2003, vemos que subiu apenas 0,1% . Outro dado curioso é o facto de entre 2003 e 2004 a taxad e actividade tenha descido 0,1%. Em 2005 a taxa voltou a subir.

Quanto à taxa de desemprego podemos dizer desde já que é o rácio entre a população desempregada e a população activa.


A evolução da taxa de desemprego teve oscilações nos últimos anos. Verificamos que a tendência é crescer de ano para ano.






Como podemos verificar, de 1998 a 2000 a taxa de desemprego desceu, mas a partir desse período a taxa de desemprego tem vindo a subir substancialemente. de 2001 para 2002 subiu 1%, de 2002 para 2003 subiu 1,3%; apesar de 2003 a 2004 ter subido menos que no períodp anterior, 0,4% a verdade é que 2004 a 2005 voltou a subir abruptamente de 6,7 % para 7,6%.

Perante isto podemos dizer que tanto a taxa de actividade como a taxa de desempredo têm vindo a subir nos últimos anos.



Em suma, é apontado para este ano uma taxa de desemprego de 8% que deverá manter-se sem alterações no ano que vem. Só me 2009 se espera uma ligeira descida para 7,7%.

Que factores poderão explicar esse comportamento?
Vários factores poderão estar na origem deste comportamento. Vejamos desde já que o número de activos tem subido no país o que pode ser um dos motivos pelos quais o desemprego tem vindo a aumentar.
O emprego com contrato a termo cresceu, aumentando o seu peso no total do emprego, enquanto o emprego com contrato sem termo diminuiu. Apesar da maior incidência na utilização dos contratos a termo ser típica de fases de recuperação da economia, a tendência para o aumento da importância destes na composição do emprego já se verifica de forma consistente desde 1995. Esta tendência sugere que há factores estruturais, como a protecção de certos grupos de trabalhadores em detrimento de outros, fruto da actual legislação de protecção ao emprego, que induzem um excesso de rotação de uma parte dos trabalhadores. Esta segmentação do mercado de trabalho é economicamente ineficiente, afectando negativamente as decisões dos trabalhadores e empresas relativamente ao investimento em educação e formação.
A taxa de desemprego está muito alta, porque não há mercado para todos os trabalhadores que saem do sector de inactividade cedo demais. Há assim uma procura do primeiro emprego muito cedo.
As principais causas do desemprego estão relacionadas com despedimentos e saídas e regressos ao mercado de trabalho. A imigração também influi neste sentido.

A evolução da taxa de desemprego deriva também da:

- redução do número de funcionários públicos
- do congelamento das progressões automáticas nas carreiras
- da redução do salário médio por via da aposentação/contratação
- da actualização da tabela salarial abaixo da taxa de inflação

Os salários também influenciam as variações na taxa de desemprego: se há salários altos, há mais trabalhadores à procura de trabalho do que vagas à espera de trabalhadores. Sendo o salário maior do que o nível de equilíbrio de mercado, existe um excesso de trabalhadores. O inverso acontece nos ciclos positivos. A rigidez salarial faz os mercados terem trabalhos em desequilíbrio no curto prazo.

Em termos sectoriais, a diminuição do emprego resultou da queda do emprego na indústria transformadora, após os ganhos observados nos últimos semestres. Para a evolução do emprego contribuíram, essencialmente, a redução do emprego na administração pública e ensino e o aumento no sector das actividades imobiliárias, de aluguer e serviços prestados às empresas.
A percentagem de inactivos é também bastante elevada porque uma parte dos portugueses prefere ser mantido pela segurança social do que dar-se ao trabalho de trabalhar.Note-se, contudo, que a queda dos valores de desemprego de 8,4 para 7,9% (em 2007) foi muito publicitada mas deveu-se essencialmente à realização de contratos de trabalho com termo e do aumento dos part-times. O número de empregadores por conta própria também aumentou.

Qual a evolução ocorrida em termos do perfil dos desempregados?
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os novos desempregados são mais mulheres do que homens e a maioria tem mais de 45 anos. São sobretudo pessoas com baixo nível de qualificação que perderam o emprego no último, que trabalhavam quase todos no sector de serviços. Contudo o número de desempregados licenciados é também bastante significativo.