10 de dezembro de 2007

CRESCIMENTO ECONÓMICO

De todos os conceitos de macroeconomia, o conceito individual mais importante é o produto interno bruto (PIB) que quantifica o valor total dos bens e serviços produzidos num país.
Quando os economistas querem determinar o nível de desenvolvimento económico de um país analisam o PIB per capita.
Ainda que o PIB e as restantes contas nacionais pareçam ser conceitos bastante arcaicos, contam-se de facto entre as grandes invenções do século XXI.
Nas suas escolhas de políticas macroeconómicas – as que afectam a oferta de moeda, os impostos e a despesa pública – um país pode impulsionar ou abrandar o seu conhecimento económico, conter os excessos de inflação de preços ou de desemprego dos ciclos económicos ou tomar medidas para tratar dos desequilíbrios que surgem no comércio externo ou nas finanças internacionais.

Contextualização anterior:
Até à “década fabulosa”…
As questões macroeconómicas dominaram a agenda política e económica durante parte do século passado. 1930 assistimos à famigerada Grande Depressão; 1960, a Guerra do Vietname; 1970, a crises energéticas (crescimento lento com o aumento dos preços); 1990 houve um rápido crescimento económico, queda do desemprego e os preços estavam estáveis era a “década fabulosa”



Segundo Banco de Portugal, investimento recupera

Exportações já não são motor da retoma económica



Durou apenas um ano o período em que Portugal cresceu com o principal contributo a vir da procura externa líquida (exportações menos importações), o padrão considerado pelos economistas como o mais saudável para a economia portuguesa.
Ontem, no boletim económico de Outono, o Banco de Portugal manteve a sua estimativa de crescimento do PIB este ano em 1,8 por cento (a mesma que o Governo), mas corrigiu de forma significativa as componentes desse crescimento. Afinal as exportações vão crescer menos que o previsto e, em compensação, o investimento vai crescer mais. O resultado é que, da taxa de variação do PIB de 1,8 por cento, 1,2 pontos são garantidos pela procura interna e 0,6 pontos pela procura externa líquida.
Em 2006, mais de três quartos do crescimento tinham sido responsabilidade da evolução do nosso comércio com o exterior e, para este ano, o Banco de Portugal previa no boletim apresentado no Verão que os contributos da procura interna e externa fossem iguais.


in Publico 15.11.2007

Qual a evolução da actividade económica desde o início do século XXI?


No início do século XXI, mais concretamente, logo no ano 2000, o “rastilho foi acesso e bomba explodiu”. Esta expressão faz todo o sentido para o século XXI. Os primeiros anos do novo século têm sido caracterizados por bombas. É exactamente em 2000 que a economia é atingida por uma queda brusca da bolsa de valores, terrorismo e guerra do Iraque.
Entre 2001 e 2003, houve uma descida da actividade económica, isto deveu-se fundamentalmente deve-se às conjunturas internas e externas.
Hoje em dia a economia portuguesa não depende apenas das decisões internas. Sendo membro da União Europeia vê-se obrigada a seguir directrizes e a seguir regras gerais que não pode controlar. Com a entrada em vigor do euro em Janeiro de 2001 Portugal teve de se adaptar às normas económicas europeias: limite de défice, controlo de preços, definição de taxas de juros, etc, ora este período coincide exactamente com a descida da actividade económica, ou seja, entre 2001 e 2003.
Depois de um período ascendente em 2004, em Janeiro de 2005 inicia-se com uma ligeira quebra, impulsionada pelo aumento do IVA, que fez subir os preços dos bens (principalmente bens alimentares) e serviços. Portugal teve um ano de crescimento económico, muito devido à procura externa líquida. Mas a situação não se manteve. É traçado um cenário pouco animador para 2008, no que toca à economia nacional. Tudo aponta que vários factores tornem a vida dos portugueses mais difícil no ano que vem, do que foi em 2007.
A subida do euro está a pesar nas exportações portuguesas, muito especializadas em produtos de mão-de-obra intensiva. Adicionalmente, o bom momento que as exportações atravessam deverá sofrer com o impacto do abrandamento da União Europeia e da Espanha em particular. O abrandamento esperado no crescimento das exportações vai limitar o investimento empresarial, que também deverá ser penalizado pela recente deterioração das condições finaceiras.

Qual a evolução nos últimos anos do contributo da procura externa e das várias componentes da procura interna para o crescimento?


A evolução da actividade económica perece ser acompanhada pela procura interna e pela procura externa.
Para melhor ficarmos a perceber sobre o que estamos a falar devemos explicar o que é a procura interna e externa. A Procura interna traduz-se na soma do consumo (bens duráveis, não duráveis e serviços) do investimento (acréscimos do volume de bens de capital com alguma duração que aumentam as possibilidades de produção no futuro) e da despesa pública com bens e serviços (compras do governo tais como salários e custos dos bens adquiridos). A Procura externa corresponde às exportações líquidas, que são a diferença entre o valor das exportações e o valor das importações de bens e serviços.

Muito bem, se em 2001 verificamos que o PIB desceu, podemos também verificar que a procura interna, também desceu. Já as exportações são mais inconstantes.
O quadro seguinte mostra-nos as variações da Procura interna e da Procura externa desde 2000 até 2006.

De imediato podemos verificar desde 2000 até 2003 a Procura Interna teve uma descida acentuado, de 7,8 desceu até 0,7. Em 2003 atingiu-se o valor mais baixo. No ano seguinte, ou seja, em 2004 a Procura Interna voltou a aumentar, pese embora o facto que nos dois anos seguintes voltou a descer. Quanto à procura externa há que há que atender que em 2000 a procura externa era 14,2, até 2002 desceu bastante até valores de 1,4%. A partir daqui começou a subir e em 2004 atingiu o valor de 5,8%. Em 2005 deu-se uma ligeira descida até aos 3,6%. Em 2006 deu-se uma estrondosa subida até 13,7%.
Então qual é o contributo do Produto interno e externo para o crescimento do Produto interno bruto?



De 2000 a 2007 pode-se verificar um maior contributo da PI para o crescimento do PIB. No ano 2000 a PI contribuía em 3,6%, enquanto a PE atingiu o valor negativo de -0,6% nesse mesmo ano. No ano seguinte a PI desceu para os 1,6%, sendo que a PE não contribuiu para o crescimento do PIB apresentado o valor de 0%. Em 2002, a PI continuou a descer, atingindo os -0,3%, já PE subiu para os 0,8. Em 2003 a situação manteve-se, sendo que a PI atingiu o mínimo deste período (-2,7%) e a PE o máximo (1,8%). 2004 traz-nos uma situação oposta, a PI sofreu uma forte subida para os 2,1%, enquanto a PE desceu para os -1,3%. Nos anos que se seguiram houve uma estabilização do contributo de cada uma das procuras. A PI desceu em 2005 para 1,6%, subindo novamente em 2006 para os 2,0%, em 2007 está prevista uma contribuição de 1,2%. Já a PE em 2005 subiu para -0,4%, manteve a tendência em 2006, chegando aos -0,3% e está previsto um valor de 0,6% para 2007.