Quando os economistas querem determinar o nível de desenvolvimento económico de um país analisam o PIB per capita.
Ainda que o PIB e as restantes contas nacionais pareçam ser conceitos bastante arcaicos, contam-se de facto entre as grandes invenções do século XXI.
Contextualização anterior:
Até à “década fabulosa”…
As questões macroeconómicas dominaram a agenda política e económica durante parte do século passado. 1930 assistimos à famigerada Grande Depressão; 1960, a Guerra do Vietname; 1970, a crises energéticas (crescimento lento com o aumento dos preços); 1990 houve um rápido crescimento económico, queda do desemprego e os preços estavam estáveis era a “década fabulosa”
Exportações já não são motor da retoma económica
Durou apenas um ano o período em que Portugal cresceu com o principal contributo a vir da procura externa líquida (exportações menos importações), o padrão considerado pelos economistas como o mais saudável para a economia portuguesa.
Ontem, no boletim económico de Outono, o Banco de Portugal manteve a sua estimativa de crescimento do PIB este ano em 1,8 por cento (a mesma que o Governo), mas corrigiu de forma significativa as componentes desse crescimento. Afinal as exportações vão crescer menos que o previsto e, em compensação, o investimento vai crescer mais. O resultado é que, da taxa de variação do PIB de 1,8 por cento, 1,2 pontos são garantidos pela procura interna e 0,6 pontos pela procura externa líquida.
Em 2006, mais de três quartos do crescimento tinham sido responsabilidade da evolução do nosso comércio com o exterior e, para este ano, o Banco de Portugal previa no boletim apresentado no Verão que os contributos da procura interna e externa fossem iguais.
Qual a evolução da actividade económica desde o início do século XXI?
No início do século XXI, mais concretamente, logo no ano 2000, o “rastilho foi acesso e bomba explodiu”. Esta expressão faz todo o sentido para o século XXI. Os primeiros anos do novo século têm sido caracterizados por bombas. É exactamente em 2000 que a economia é atingida por uma queda brusca da bolsa de valores, terrorismo e guerra do Iraque.
Entre 2001 e 2003, houve uma descida da actividade económica, isto deveu-se fundamentalmente deve-se às conjunturas internas e externas.
Hoje em dia a economia portuguesa não depende apenas das decisões internas. Sendo membro da União Europeia vê-se obrigada a seguir directrizes e a seguir regras gerais que não pode controlar. Com a entrada em vigor do euro em Janeiro de 2001 Portugal teve de se adaptar às normas económicas europeias: limite de défice, controlo de preços, definição de taxas de juros, etc, ora este período coincide exactamente com a descida da actividade económica, ou seja, entre 2001 e 2003.
Depois de um período ascendente em 2004, em Janeiro de 2005 inicia-se com uma ligeira quebra, impulsionada pelo aumento do IVA, que fez subir os preços dos bens (principalmente bens alimentares) e serviços. Portugal teve um ano de crescimento económico, muito devido à procura externa líquida. Mas a situação não se manteve. É traçado um cenário pouco animador para 2008, no que toca à economia nacional. Tudo aponta que vários factores tornem a vida dos portugueses mais difícil no ano que vem, do que foi em 2007.
A subida do euro está a pesar nas exportações portuguesas, muito especializadas em produtos de mão-de-obra intensiva. Adicionalmente, o bom momento que as exportações atravessam deverá sofrer com o impacto do abrandamento da União Europeia e da Espanha em particular. O abrandamento esperado no crescimento das exportações vai limitar o investimento empresarial, que também deverá ser penalizado pela recente deterioração das condições finaceiras.
Qual a evolução nos últimos anos do contributo da procura externa e das várias componentes da procura interna para o crescimento?
A evolução da actividade económica perece ser acompanhada pela procura interna e pela procura externa.
Para melhor ficarmos a perceber sobre o que estamos a falar devemos explicar o que é a procura interna e externa. A Procura interna traduz-se na soma do consumo (bens duráveis, não duráveis e serviços) do investimento (acréscimos do volume de bens de capital com alguma duração que aumentam as possibilidades de produção no futuro) e da despesa pública com bens e serviços (compras do governo tais como salários e custos dos bens adquiridos). A Procura externa corresponde às exportações líquidas, que são a diferença entre o valor das exportações e o valor das importações de bens e serviços.
Muito bem, se em 2001 verificamos que o PIB desceu, podemos também verificar que a procura interna, também desceu. Já as exportações são mais inconstantes.
O quadro seguinte mostra-nos as variações da Procura interna e da Procura externa desde 2000 até 2006.
Então qual é o contributo do Produto interno e externo para o crescimento do Produto interno bruto?
De 2000 a 2007 pode-se verificar um maior contributo da PI para o crescimento do PIB. No ano 2000 a PI contribuía em 3,6%, enquanto a PE atingiu o valor negativo de -0,6% nesse mesmo ano. No ano seguinte a PI desceu para os 1,6%, sendo que a PE não contribuiu para o crescimento do PIB apresentado o valor de 0%. Em 2002, a PI continuou a descer, atingindo os -0,3%, já PE subiu para os 0,8. Em 2003 a situação manteve-se, sendo que a PI atingiu o mínimo deste período (-2,7%) e a PE o máximo (1,8%). 2004 traz-nos uma situação oposta, a PI sofreu uma forte subida para os 2,1%, enquanto a PE desceu para os -1,3%. Nos anos que se seguiram houve uma estabilização do contributo de cada uma das procuras. A PI desceu em 2005 para 1,6%, subindo novamente em 2006 para os 2,0%, em 2007 está prevista uma contribuição de 1,2%. Já a PE em 2005 subiu para -0,4%, manteve a tendência em 2006, chegando aos -0,3% e está previsto um valor de 0,6% para 2007.